Discurso de posse de Sergio Junqueira Arantes na Academia Brasileira de Eventos e Turismo

Nesta segunda-feira (13), Sergio Junqueira Arantes tomou posse como presidente da Academia Brasileira de Eventos e Turismo para o biênio 2020/ 2021.

Em virtude das medidas de enfrentamento a pandemia do Covid-19, a posso oficial foi realizada através de uma reunião online, com a participação de dez acadêmicos.

Leia abaixo a íntegra do discurso de posse de Sergio Junqueira Arantes na presidência da Academia Brasileira de Eventos e Turismo.

O momento é muito grave.

“Cabe aos governos e aos cientistas não esconderem nada. Precisamos saber o quanto antes, contra o que estamos lutando, condição indispensável para estabelecimento de táticas e estratégias de enfrentamento. Ou como disse Nizan Guanaes, “viveremos um desastre sem comunicação ou uma comunicação que é um desastre”.

É hora de trabalhar em estreita colaboração com clientes, patrocinadores e com a indústria em geral para garantir que nossos eventos sejam seguros e bem sucedidos. É hora de colocar a saúde, o bem-estar e a segurança de nossos clientes e funcionários em primeiro lugar e fazer de tudo para mitigar o risco representado pela Covid-19.

O combate ao vírus precisa unir o Brasil e todos que estão vivendo um verdadeiro inferno astral. É hora de calma, compaixão e, acima de tudo, solidariedade. Estamos todos na mesma tempestade, lutando contra o mesmo inimigo, mas em barcos diferentes e com ferramentas diferentes.

Mas, também, precisamos preservar a saúde das empresas. Alguém já disse: se não tomarmos cuidado, o Covid-19 vai matar mais empresas do que gente.

Vivemos um paradoxo. Nosso setor é o mais atingido, uma vez que vivemos de aproximar pessoas, promover encontros e estabelecer vínculos com novos destinos. E, neste momento, a melhor profilaxia para o Covid-19 é o distanciamento das pessoas. Para isso todos precisamos parar com nossas atividades normais.

Vivemos um dilema: parar tem um custo econômico gigantesco, e não parar vai custar muitas vidas.

Parar os eventos, parar de participar dos eventos, parar de viajar têm também um enorme passivo emocional. Mas, estabelecida a pandemia, o dilema cessa e todos devemos parar.

O problema é como continuar navegando até a tempestade passar e como retomar as atividades quando cessar a crise.

E aqui, acredito, as palavras chaves são sobrevivência, comprometimento e solidariedade. Se todos quiserem parar, salvando seus pertences, todos vão perder os dedos. É preciso socializar solidariamente as perdas, para que elas sejam suportáveis para todos. É vergonhoso querer se locupletar das perdas dos parceiros. É preciso salvaguardar a cadeia de valores, principalmente, dos mais pequenos, dos mais vulneráveis.

De outro lado, mais do que nunca, a indústria precisa se unir. Um setor que movimenta R$936 bilhões e gera milhões de empregos, tem o direito de ser ouvido.

No mês passado, a Dinamarca deu exemplo e estabeleceu um regime de ajuda no valor de milhões de euros para compensar os organizadores de eventos pelos danos sofridos devido ao cancelamento de grandes eventos devido ao surto do COVID-19. A Inglaterra e a Alemanha seguiram seu exemplo.

É hora de juntar todas as forças, para que nosso sofrimento e nosso clamor sejam ouvidos.

Mas, e o futuro? Tudo indica que o primeiro semestre será um tempo de lamber feridas e salvar o máximo possível.

O segundo semestre será palco dos eventos e das viagens canceladas no primeiro. Vai faltar espaço nos aviões, nos hotéis, nos resorts e nos espaços para eventos. Será um grande teste para a sanidade da cadeia de valores que não deve tentar se locupletar da necessidade de seus parceiros, tentando recuperar toda perda do primeiro semestre, praticando aumentos de preços escorchantes.

Será um grande teste para conhecermos quem merece participar de nossa cadeia de valores, pois seus valores prevalecem nos momentos difíceis, e aqueles que não merecem permanecer conosco. Será a hora de separar o joio do trigo.

Momento em que valores e atitudes serão muito importantes. Em mares agitados a confiança é o melhor guia. A confiança deve estar em cada um de nós. A posição que cada um de vocês ocupa é porque mereceram esse lugar, por seus valores. Agora, mais do que nunca, é hora de colocar esses valores em prática. Confiança gera conexão e esperança.

A confiança e a esperança atuam juntas, cabe a nós despertar o senso de coletivo, de comunidade, ativando a criatividade e a vontade de vencer, esquecendo o medo, tornando a Academia uma família, onde todos batalham e cuidam do bem-estar coletivo. Confiança gera esperança. Esperança produz “magia”, paixão, coragem. A magia desperta nossas habilidades e motiva a capacidade de cada um para trabalhar, desenvolvendo talentos, despertando a chama vencedora que cada um de nós tem dentro de si.

E qual o papel da Academia neste cenário? Antes de mais nada, gostaria de voltar a reunir no âmago desta Casa todos os seus membros, fraternalmente. E para tanto, realizaremos reuniões bimestrais do Colégio Acadêmico.

O objetivo principal desta Academia, além de confraternizar, é aproveitar o conhecimento e a experiência de seus membros em prol da sociedade e para isso voltaremos a editar a Academia Revista, com artigos dos Membros Acadêmicos desta Casa.

Tão logo sejam restabelecidas as condições para sua realização, vamos promover Seminários Acadêmicos tendo como público alvo estudantes e profissionais de eventos e turismo.

Ainda este ano, as vagas dos saudosos Sergio Pasqualin e Paulo Gaudenzi serão preenchidas e voltaremos a outorgar a Medalha do Mérito Acadêmico.

Atendendo aos anseios de vários de nossos pares, vamos criar mais uma Categoria de Membros, os Acadêmicos DC. Nestes dias, aprendemos a conviver com a exponencialidade da pior forma possível. As mudanças que veremos no mundo pós-pandemia serão exponenciais. Os efeitos do Covid-19 na economia global não tem precedentes. AC e DC ganhará um novo significado e certamente passaremos a viver um “novo normal”. Esse é o desafio: como imaginar o futuro e tomar decisões hoje? A resposta é difícil e começa pela escassez de profissionais com percepção futurista. Se desejamos que eventos e turismo ganhem espaço no DC, devemos buscar e prestigiar os profissionais do futuro e para isso vamos convidar os melhores para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Eventos e Turismo – DC.

Nosso Plano de Ação previa muito mais, mas a prudência nos indica que devemos aguardar a tempestade passar e o ‘novo normal’ se estabelecer, para delimitar planos mais ambiciosos.

Muito obrigado pela confiança que depositaram em nossa capacidade de carregar, neste biênio, a tocha que acreditamos flamejante de nossa Academia.”


A nova diretoria, eleita em chapa única no início do mês de março, tem na presidência o acadêmico Sergio Junqueira Arantes, e na vice-presidência a acadêmica Anita Pires.

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