A Cadeira nº 06 de Acadêmico Correspondente foi ocupada em 2016, dez anos após a fundação da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, pelo brasileiro naturalizado português Luiz da Gama Mór, fundador da Cadeira nº 06 de Acadêmico Correspondente, que indicou Paulo Machado de Carvalho como Patrono da Cadeira.
Paulo Machado de Carvalho (São Paulo, 9 de novembro de 1901 — São Paulo, 7 de março de 1992) foi advogado, empresário e dirigente esportivo.
Conhecido nacionalmente com o título de Marechal da Vitória por ter sido o chefe da delegação brasileira em duas Copas do Mundo, é considerado o maior responsável "fora de campo" pelas conquistas das Copas do Mundo de 1958 e de 1962; por conta disso, o Estádio do Pacaembu, em São Paulo é batizado oficialmente de Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho em sua homenagem.
Além disso, foi responsável pela criação de vários veículos de comunicação (tanto no rádio quanto na televisão), sendo o fundador e patrono da Record TV e também da Rádio Sociedade Record, atual Rádio Record, conhecida também como a "Voz de São Paulo" na Revolução Constitucionalista de 1932 e uma das ferramentas fundamentais para o sucesso dos ideais revolucionários.
FORMAÇÃO
Paulo Machado de Carvalho estudou na Faculdade de Direito do Largo São
Francisco, e depois foi para a Suíça aprimorar seus estudos. Voltou ao
Brasil cheio de sonhos, mas sua paixão logo se dirigiu ao rádio, que estava
recém-inaugurado no Brasil.
A
carreira no rádio e na TV
Em 1931, Paulo Machado de Carvalho adquiriu a Rádio Record e criou a
Associação das Emissoras de São Paulo. O estúdio da Record ficava na Praça
da República e, apesar de pequeno, reunia orquestras inteiras para a
apresentação de programas musicais.
Nos primeiros anos de trabalho, Paulo Machado de Carvalho fez de tudo no rádio: selecionou músicas, arquivou discos, dirigiu programas. Durante a época em que estava na Record, participou da produção do primeiro jornal falado da rádio, comandado por Assis Chateaubriand. Em 1944 adquiriu a Rádio Panamericana, que passou a integrar o Grupo das Emissoras Unidas e em 1965 mudaria seu nome para Jovem Pan.
Em 27 de setembro de 1953, Paulo inaugurou a TV Record, realizando um outro sonho que alimentava desde a chegada da televisão ao Brasil três anos antes, em 1950. A emissora entrou no ar com o que tinha de mais moderno à época, com todos os equipamentos importados dos Estados Unidos e entregues no Porto de Santos. Antes da Record havia mais duas emissoras de TV em São Paulo, a TV Tupi e a TV Paulista.
A TV Record teve fases de rede nacional de televisão que não deram certo: em 1959, foi formada a Rede de Emissoras Unidas de Rádio e Televisão, e em 1968, a Rede de Emissoras Independentes – REI.
Como empresário, destacou-se na área de mídia formando um grupo de empresas do setor que incluía as seguintes emissoras: TV Record, Rádio Record, Rádio Excelsior, Rádio São Paulo, Rádio Panamericana (Jovem Pan) AM e Rádio Panamericana (Jovem Pan) FM. Algumas dessas emissoras foram vendidas posteriormente, como a Rádio Excelsior, que atualmente pertence às Organizações Globo, utilizando a denominação Central Brasileira de Notícias – CBN.
Em 1989, sua família com a família de Silvio Santos se viu obrigada a vender a TV e Rádio Record para o empresário Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.
Atualmente, apenas as rádios Jovem Pan AM e FM pertencem à família Machado de Carvalho e são dirigidas por seu neto Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, conhecido como Tutinha. A FM Record foi vendida para as Organizações Sol Panamby, um grupo empresarial e conglomerado de mídia brasileiro da família Quércia com o nome de Nova FM Record, depois Nova FM e atualmente NovaBrasil FM.
carreira esportiva
Na área esportiva, Paulo Machado foi vice-presidente do São Paulo
Futebol Clube em 1934, presidente entre 1946 e 1947, e vice-presidente entre
1955 e 1956. A partir do ano seguinte, assumiu o departamento de Futebol e
chegou a pagar torcedores para vaiar o time quando jogava mal no primeiro tempo
e, no intervalo, mostrava a reação da torcida aos jogadores em busca de "reações
heróicas".
Ao lado de João Havelange, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos – CBD, foi dirigente do futebol brasileiro, tendo sido Chefe das Delegações campeãs mundiais de 1958 (Suécia) e 1962 (Chile), o que lhe valeu o apelido de "Marechal da Vitória". Na ocasião da primeira conquista, foi convidado por Havelange e preparou o plano para a Copa desde meados de 1957. "Olha, doutor Paulo", pediu Havelange. "Preciso de uma seleção que faça o povo esquecer a de 1950, uma seleção vitoriosa, um time campeão. E porque eu preciso de tudo isso é que o quero como seu chefe. Arme tudo como quiser. Com carta branca". O plano foi elaborado com a colaboração de jornalistas com experiência no futebol e foi transformado em um livro chamado O Plano Paulo Machado de Carvalho. Nos últimos preparativos, já na Suécia, era vítima constante das brincadeiras de Mané Garrincha, que aparecia com o dedo imitando um revólver e dizia "Doutor Paulo, ‘teje’ preso", para, algum tempo depois, voltar e dizer "Teje solto".
Quando o Brasil teve de jogar a final com seu segundo uniforme, azul, Carvalho, para tranqüilizar os jogadores, teria dito que o uniforme lhes daria sorte, pois era da cor do manto de Nossa Senhora Aparecida "Por ocasião do sorteio das camisas, fiquei sabendo que houve um golpe, porque tinha sido feito sem o conhecimento do Brasil", contaria. Ele então decidiu não contar aos jogadores sobre o sorteio, apresentando a camisa como uma decisão: "Olha, turma, o Brasil vai jogar com a camisa azul, porque é a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida". Em entrevista ao jornal Popular da Tarde, em 1970, Carvalho vangloriou-se da medida: "É, meu filho. Muita gente não sabe, mas esse golpe de bastidores é muito importante. E eu sei fazer isso." Pelé, no entanto, disse em entrevista a O Estado de S. Paulo em 2008 não se lembrar deste fato. Carvalho já tinha fama de supersticioso naquela Copa. Voltando ao Brasil para desfilar em carro aberto com os jogadores, não se cansou de mostrar a taça ao povo. Na viagem ao Chile, para aquela que seria a segunda conquista do Brasil, Paulo mostrou toda sua superstição ao usar o mesmo terno marrom que usava todos os dias "para dar sorte" na Copa anterior, que tinha virado motivo de piada entre os jogadores.
Em razão das boas campanhas futebolísticas e da brilhante carreira empresarial, recebeu homenagem da prefeitura de São Paulo: o Estádio do Pacaembu leva o seu nome desde 1961, como homenagem prestada pelo então prefeito Prestes Maia. Em 1970 foi eleito para seu último cargo esportivo: vice-presidente da Federação Paulista de Futebol.
Em 1988, Paulo Machado de Carvalho foi o o tema do enredo da escola de samba Rosas de Ouro para o Carnaval: "Carvalho, madeira de lei — Paulo Machado de Carvalho." A escola da Brasilândia terminou o concurso na sexta colocação, entre doze escolas.
Em 1992 foi inaugurada a escultura Busto de Paulo Machado de Carvalho, de autoria do artista Luis Morrone, exposta no Estádio do Pacaembu.