A Cadeira nº 25 foi ocupada em 2009, três anos após a fundação da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, por Roland Bonadona, Acadêmico-Fundador da Cadeira nº 25, que indicou José Tjurs como Patrono da Cadeira.
A vida do festejado José Tjurs (01 de maio de 1901, Buenos Aires, Argentina – 1978) parece obra de ficção. Uma epopéia. Nascido na Argentina, era filho de Isaac Tjurs e de Eia Tjurs, imigrantes russos radicados na capital portenha. Começou a trabalhar em 1909, com apenas 8 anos, ajudando os seus pais no Mercado de Buenos Aires. Veio para o Brasil a contra-gosto por causa das namoradas. Ao chegar, foi trabalhar na Praça Mauá como ajudante de táxis e passou a residir com a família na rua Teófilo Otoni, por coincidência a mesma que foi endereço do quartel-general da Rede Othon e onde trabalhou durante muitos anos o acadêmico Álvaro Bezerra de Mello.
Fluente em vários idiomas (português, espanhol, francês, inglês e ídiche), o seu destino com a hotelaria estava traçado: foi porteiro do Grande Hotel Riachuelo, onde se hospedavam os grandes políticos da época, como Flores da Cunha. Foi lá que recebeu de Ataliba Leonel, que ia ser presidente (governador) de São Paulo, o convite para ser o mordomo do Palácio. O convite foi aceito, mas Ataliba não assumiu. Tjurs contava rindo que perdeu a última oportunidade para ser mordomo pelo resto da vida.
Em 1932, ainda no Rio de Janeiro, naturaliza-se brasileiro. Mas São Paulo estava no caminho do esperto moço. Mudou-se para a capital paulista e logo Tjurs estava à frente de um desconhecido bar Tabu, que foi transformado em uma cervejaria-concerto, e virou o mais popular Music Hall paulistano, com shows memoráveis de Sílvio Caldas e Nelson Gonçalves. Era 1937 e o Tabu virou moda em São Paulo, ponto de encontro de políticos e gente badalada. Durou quatro anos. Ele justificava: “Os pinduras e os preços baixos que cobrava dos amigos levaram-me à falência”.
Foi no fundo do poço que a hotelaria ressurgiu na sua vida. Procurou a família Crespi, seus patrícios, proprietária de um prédio na Avenida São João, perto do Largo do Paissandu. “Aos Crespi devo minha grande oportunidade: limpei o edifício dos maus inquilinos, reformei-o e lá fundei o hotel Cinelândia”. Nascia o embrião da empresa Horsa – Hotéis Reunidos S.A., que teria no seu portfólio o Hotel Jaraguá e Marabá, em São Paulo, os quatro Excelsior (São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Belém), o Del Rey, em Belo Horizonte, e o Nacional Brasília.
Inaugurava agora o Nacional Rio, o maior hotel de toda a América do Sul. Um anúncio de meia página vertical nos principais jornais brasileiros anunciava: “O Rio de Janeiro será ainda mais lindo em fevereiro. Tem carnaval e o Hotel Nacional”. O hotel estava pronto para a grande festa. José Tjurs recebeu o seu discurso para uma revisão. Apesar de ser judeu praticante, ele fazia questão de ser ecumênico. A exemplo do que fez em São Paulo, chamou um bispo e um rabino para o ato da abertura do hotel. O próprio Cardeal Arcebispo do Rio, Dom Eugênio Sales e o Grão-Rabino Henrique Lerolc fizeram a benção do hotel.
O espírito empreendedor de Tjurs foi alimentado pela explosão econômica de São Paulo. Vinte anos depois da triste experiência da Tabu, ele já fazia vôos ousados e programou o primeiro grande empreendimento do grupo: o Conjunto Nacional na Avenida Paulista. Ele sonhava em transformar a Paulista em algo parecido com a Quinta Avenida de Nova York. Fez um concurso para a elaboração do projeto com a participação de renomados arquitetos. Neste projeto, a construção da primeira torre abrigaria o primeiro grande Hotel Nacional. Ela foi vetada pelas autoridades: não era permitido construir hotéis na Avenida Paulista. O próprio Tjurs mudou o projeto e reduziu a lâmina vertical para três edifícios de 25 andares: um residencial – o Guayupiá – e dois comerciais – Horsa I para pequenos escritórios e Horsa II para empresas de grande porte. A idéia era uma cidade dentro de uma cidade e o empreendimento revolucionou a região da Paulista. Até hoje, muita gente acredita que o projeto é do próprio Oscar Niemeyer.
Como José Tjurs havia planejado, o Conjunto Nacional era, de fato, uma cidade dentro da cidade. Depois de concluído, o edifício passou a ser um marco na cidade de São Paulo, que ostentava um novo cartão-postal, e anunciava novos tempos para a Avenida Paulista, dando a largada para a verticalização de toda a região. O edifício também deu início à valorização do metro quadrado dos terrenos das mansões, que com a chegada do poder financeiro, nos anos 70, alcançaria valores astronômicos, uma tendência que transformaria radicalmente a poderosa avenida.