A Cadeira nº 19 foi ocupada em 2007, um ano após a fundação da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, por Raimundo Peres, Acadêmico-Fundador da Cadeira nº 19, que indicou Alberto Santos Dumont como Patrono da Cadeira.
Alberto Santos Dumont (Palmira, 20 de julho de 1873 — Guarujá, 23 de julho de 1932) foi um aeronauta, esportista e inventor brasileiro.É considerado o Pai da Aviação no Brasil e Pai do Turismo do Paraná e do Brasil.
As aventuras de Santos Dumont nos ares e o seu pioneirismo na aviação mundial são largamente retratados nos livros de história do brasileiros. Mas um capítulo importante, talvez a maior contribuição prática para o País, pouca gente conhece. A passagem de Santos Dumont pelo Paraná e sua contribuição para o Turismo Nacional.
Sua passagem pelo estado foi rápida e, pode-se dizer, imprevista e não programada, mas para a história do Parque Nacional do Iguaçu, do Turismo ligado às Cataratas do Iguaçu, esse capítulo e trecho de sua viagem intercontinental e transamericana, foi de muita importância, tanto ambiental, como econômica. É uma viagem que ficou fora dos livros de história, mas que, justamente por ser improvisada e ter sido realizada como uma missão, revela muito do caráter, da personalidade, interesses e da tendência de estar sempre à frente de seu tempo, que caracterizou o Pai da Aviação do Brasil. E aqui você saber por que o Patrono da Cadeira nº 19 da Academia Brasileira de Eventos e Turismo é também considerado o Pai do Turismo do Paraná e do Brasil.
Santos Dumont projetou, construiu e voou os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina. Esse mérito lhe é garantido internacionalmente pela conquista do Prêmio Deutsch em 1901, quando em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu Dirigível Nº 6, transformando-se em uma das pessoas mais famosas do mundo durante o século XX. Com a vitória no Prêmio Deutsch, ele também foi, portanto, o primeiro a cumprir um circuito pré-estabelecido sob testemunho oficial de especialistas, jornalistas e populares.
Santos Dumont também foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina. Em 23 de outubro de 1906 voou cerca de sessenta metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de Proie (francês para “Ave de Rapina“), no Campo de Bagatelle, em Paris. Menos de um mês depois, em 12 de novembro, diante de uma multidão de testemunhas, percorreu 220 metros a uma altura de seis metros com o Oiseau de Proie III. Esses vôos foram os primeiros homologados pelo Aeroclube da França de um aparelho mais pesado que o ar, e possivelmente a primeira demonstração pública de um veículo levantando vôo por seus próprios meios, sem a necessidade de uma rampa para lançamento.
Infância
Alberto Santos Dumont foi o sexto filho de Henrique Dumont, engenheiro
formado pela Escola Central de Artes e Manufaturas de Paris, e Francisca
de Paula Santos. O casal teve ao todo oito descendentes, três homens e cinco
mulheres: Henrique dos Santos Dumont, Maria Rosalina Dumont Vilares, Virgínia
Dumont Vilares, Luís dos Santos Dumont, Gabriela, Alberto Santos Dumont, Sofia e
Francisca.[ Em 1873, a família se mudou para a pequena cidade de Cabangu, no
distrito de João Aires (posteriormente o nome mudou para Palmyra e então Santos
Dumont em julho de 1932, por iniciativa de Oswaldo Henrique Castello Branco e
depois, para Santos-Dumont, para que seu pai, o engenheiro Henrique Dumont,
participasse da construção da estrada de ferro D. Pedro II. A obra terminou
quando Alberto tinha 6 anos, e de lá a família foi para São Paulo. Foi nesse
lugar que Santos Dumont começou a dar mostras, por assim dizer, dos trabalhos
aeronáuticos que tanto destaque lhe trariam, pois, conforme declarações dos seus
pais, com apenas um ano de idade ele costumava furar balõezinhos de borracha
para ver o que tinham dentro.
Em 1879, os Dumont venderam a Fazenda do casal em Valença, Rio de Janeiro, e se estabeleceram no Sítio do Cascavel, em Ribeirão Preto, onde compraram a Fazenda Arindeúva, de José Bento Junqueira, de mil e duzentos alqueires (com 60 quilômetros, 96 quilômetros de trilhos e sete locomotivas). Até os 10 anos, foi alfabetizado por sua irmã Virgínia. Dos 10 aos 12, estudou no Colégio Culto à Ciência.Depois estudou no Colégio Kopke em São Paulo, Colégio Morton e no Colégio Menezes Vieira no Rio de Janeiro. Alberto viu seu primeiro vôo tripulado em São Paulo aos 15 anos, em 1888, quando um aeronauta subiu num balão esférico e desceu de para-quedas. Após uma viagem que a família Dumont realizou para Paris em 1891, Santos Dumont começou a despertar-se para área mecânica, principalmente para o “motor de combustão interna”, que culminou posteriormente com a construção de um balão (sem motor), que mais tarde chegou à criação de seu avião. Desde então, o jovem sonhador não parou mais de buscar alternativas, vindo a receber da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, conforme Lei nº 100, de 4 de novembro de 1903, uma subvenção de um conto de réis para que prosseguisse as pesquisas que, três anos depois, resultaram na invenção do avião.
Carreira
Em 1891, com 18 anos, Santos Dumont fez uma viagem turística à Europa. Na
Inglaterra passou alguns meses aperfeiçoando o seu inglês, e na França escalou o
Monte Branco. Essa aventura, a quase 5 000 metros de altitude, acostumou-o a
alturas elevadas. No ano seguinte, seu pai o emancipou no dia 12 de fevereiro de
1892, devido a seu acidente, voltou à França onde ingressou no automobilismo e
ciclismo. Também iniciou estudos técnico-científicos com um professor de origem
espanhola chamado Garcia. Em 1894 viajou para os Estados Unidos, visitando Nova
Iorque, Chicago e Boston.
Em 1897, já independente e herdeiro de imensa fortuna – contava 24 anos – Santos Dumont partiu para a França, onde contratou aeronautas profissionais que lhe ensinaram a arte da pilotagem dos balões. No dia 23 de março de 1898, realizou sua primeira ascensão num balão da firma Lacham-bre & Macuhron. No dia 30 de maio, realizou sua primeira ascensão noturna. Sabe-se que em 1900 ele já havia criado nove balões, dos quais dois se tornaram famosos: o Brazil e o Amérique. O primeiro, estreado em 4 de julho de 1898, foi a menor das aeronaves até então construídas – inflado a hidrogênio, cubava apenas 113 metros num invólucro de seda de 6 metros de diâmetro e fez mais de 200 voos. De acordo com o biografo Gondin da Fonseca, Dumont teria sido influenciado a criar seu primeiro balão após acompanhar a corrida Paris-Amsterdam em seu triciclo.
Dirigibilismo
O primeiro dirigível projetado por Santos Dumont, o N-1, com 25 metros de
comprimento e 180 de cubagem, teve sua primeira tentativa em fevereiro de 1898,
após ser inflado nos ateliês de Henri Lachambre, em Vaugirard. Mas condições de
neve fizeram com que o dirigível se dobrasse e caísse.
Depois desse incidente, ele foi inflado no Jardim da Aclimação de Paris no dia 18 de setembro de 1898, mas acabou rasgado antes de experimentado, devido a uma manobra mal feita pelos ajudantes que em terra seguravam as cordas do aparelho. Reparada dois dias depois, a aeronave partiu e evoluiu em todos os sentidos. Um imprevisto, porém, encurtou a viagem: a bomba de ar encarregada de suprir o balonete interno, que mantinha rígido o invólucro do balão, não funcionou devidamente, e o dirigível, a 400 metros de altura, começou a se dobrar e a descer com rapidez.
No dia 13 de abril foi criado o “Prêmio Santos-Dumont“, que se tratava do Prêmio Deutsch, mas sem um limite de tempo. No dia 13 de julho de 1901, após algumas saídas de prática, Santos Dumont disputou com o N-5 o Prêmio Deutsch pela primeira vez. Cumpriu o trajeto exigido, mas ultrapassou em dez minutos o tempo limite estipulado para a prova. Nessa época, ele se encontra com a Condessa Isabel, após um acidente.
No dia 19 de outubro de 1901, com o balão N-6, de 622 metros cúbicos e motor de 20 cavalos, ele finalmente executou a prova, mas demorou cerca de um minuto para pousar, o que fez o comitê inicialmente negar o prêmio. Isso se tornou motivo de controvérsia, pois tanto o público quanto Sr. Deutsch acreditavam que o aviador havia vencido. Após certo tempo e do aviador protestar contra esta decisão, esta foi revertida. Tornou-se reconhecido internacionalmente como o maior aeronauta do mundo e o inventor do dirigível.
Diploma Olímpico, 1905
No dia 13 de junho de 1905, representado pelo italiano Conde Eugenio Brunetta
d’Usseaux, Pierre de Coubertin concedeu à Santos-Dumont o Diploma
Olímpico Nº 3 por “…representar o ideal Olímpico…” de acordo com
Coubertin, que também foi recebido por Theodore Roosevelt, Fridjoff Nansen e
William-Hippolyte Grenfell.
14-bis
Construiu então uma máquina híbrida, o 14-bis ou Oiseau de Proie,
terminado após dois meses, no fim do primeiro semestre de 1906, um avião unido a
um balão de hidrogênio para reduzir o peso e facilitar a decolagem. No dia 18 de
julho, Dumont inscreveu-se apra disputar as provas e apresentou o exótico
aeródino pela primeira vez no dia seguinte, em Bagatelle, onde fez algumas
corridas, obtendo saltos apreciáveis. Animado, decidiu se inscrever para os
prêmios Archdeacon e Aeroclube da França no dia seguinte, data do
seu aniversário
No dia 12 de novembro de 1910 foi inaugurado um monumento em Bagatelle e em 24 de outubro de 1913 foi inaugurado o monumento Ícaro, referente a conquista do Prêmio Deutsh.
Em 1915, sua saúde piorava e decidiu retornar ao Brasil. No mesmo ano, participou do 11º Congresso Científico Pan-Americano nos Estados Unidos, tratando do tema da utilização do avião como forma de facilitar o relacionamento entre os países da América.
CONTRIBUIÇÃO PARA O TURISMO NACIONAL
No dia 1º de março de 1916, Santos Dumont se encontra em Santiago, Chile,
para participar na 1ª Conferência de Aeronáutica Pan-Americana. Nessa
conferência ele foi representante oficial do Congresso Científico
Pan-Americano realizado em Washington, meses antes. Nessa conferência,
Santos Dumont discursou sobre o futuro da aviação e profetizou que um dia,
aviões levariam mais de 20 passageiros a bordo. Após a conferência do Chile, ele
prossegue viagem por terra para Buenos Aires.
Da capital argentina, onde Santos Dumont foi muito bem recebido, ele decide conhecer as Cataratas do Iguaçu, localizadas na então impenetrável selva do Território de Misiones, na fronteira argentina com o Brasil, sua terra natal. Os barcos a vapor, de carga e passageiros, já ligavam Buenos Aires a Posadas, capital de Misiones. De lá, vapores menores cobriam o trecho entre Posadas e Puerto Aguirre (antigo nome de Puerto Iguazú, na Argentina), onde chega na manhã do sábado, 22 de abril de 1916. Se aloja no precário Gran Hotel, de Leandro Arrechea, no barranco do rio Iguaçu. É, a partir deste ponto, que o imprevisível entra no roteiro de Santos Dumont e mudará a região e o Paraná.
Por obra do destino, Frederico Engel, dono de um hotel, no que hoje é Avenida Brasil, no centro da cidade de Foz do Iguaçu (onde atualmente está instalada uma agência do HSBC/Bradesco), soube que havia chegado um vapor no porto de Puerto Aguirre, em frente ao atual bairro Porto Meira, às margens do rio Iguaçu, no lado brasileiro. Como sempre fazia quando sabia que chegara barco novo no porto, Engel fazia uma visita para observar as coisas, saber quem veio e, especialmente, ver se poderia captar algum hóspede. Foi em uma dessas averiguações sobre os passageiros do vapor que Frederico Engel descobriu que Santos Dumont havia desembarcado e estaria hospedado no hotel do concorrente, Leandro Arrechea.
Fredrico Engel volta à Vila Iguassú (o então nome da cidade de Foz do Iguaçu), o mais rápido que pôde, e vai direto falar com o prefeito Jorge Schimmelpfeng. A princípio o prefeito não se impressionou e até questionou o que a vila poderia oferecer a um homem como Santos Dumont. Engel não se entregou, conseguiu convencer o prefeito a designar uma comissão para falar com Santos Dumont e convidá-lo à ver as Cataratas do Iguaçu, também do lado brasileiro.
Tudo deu certo: Santos Dumont aceitou o convite. Dois dias após ter chegado em Puerto Aguirre, no dia 24 de abril de 1916, Santos Dumont atravessa o rio de volta ao Brasil, utilizando o caminho mais curto, pelo rio Iguaçu. Hospeda-se no Hotel Brasil, de Engel. No livro de hóspedes ele escreveu, “Nome: Santos Dumont — Nacionalidade: brazileiro — Procedência: Buenos Aires — Destino: Rio de Janeiro — Chegada: 24–04–1916”.
No mesmo dia, à tarde, Santos Dumont e a equipe de Engel, partem para as Cataratas pelo lado brasileiro. A viagem durou seis horas, a cavalo. Santos Dumont dormiu duas noites em um pequeno “hotel” às margens das Cataratas. Foi nessa hospedagem, ainda sofrida e improvisada, que o conjunto de quedas conquistaram Santos Dumont. Nas horas de conversa com Engel e equipe, Dumont descobriu que a área das Cataratas havia sido doada pela antiga Colônia Militar do Iguassú (primeiro nome de Foz do Iguaçu, antes de se chamar Vila Iguassu) a um particular.
Lembra que na ficha de hóspedes, ele disse que o destino da viagem era Rio de Janeiro? O destino mudou. Depois de remoer a informação ele sentenciou: — “Essas maravilhas não podem pertencer a um particular”, em seguida anunciou a mudança de rota: — “Vou à Curitiba falar com o Presidente do Estado”, disse. E assim foi, porque Santos Dumont era decidido. Em seguida veio a ordem: — “prepare uns cavalos porque amanhã mesmo parto para Guarapuava”. A viagem de surpresa durou seis dias entre as cidades de Foz do Iguaçu e Guarapuava. A partir daí, já havia estrada razoável para Ponta Grossa, nos Campos Gerais do estado do Paraná, por onde ele chegaria a Curitiba, de trem.
A cidade vibrou com a visita do ilustre patrício, onde ficou por três dias, “paparicado pelas autoridades e pela população”.
Em Curitiba, hospedou-se no Grande Hotel Moderno e foi ciceroneado pelo, então Secretário de Interior e Justiça, o advogado Enéas Marques. Visitou a escola com seu nome e foi saudado pela população no Estádio de Futebol do Atlético Paranaense. Foi recebido para jantar na casa do Presidente do Estado, Affonso Camargo. Ele visitou, ainda, Morretes e Paranaguá. De volta à Curitiba, Santos Dumont é finalmente recebido no Gabinete do Presidente do Estado no dia 8 de maio, onde apresentou o pedido de que o Paraná criasse um parque para proteger as quedas e possibilitar a visita de mais pessoas às Cataratas do Iguaçu.
O Presidente do Paraná prometeu que o faria. E cumpriu. Em julho do mesmo ano, foi publicado o Decreto Estadual nº 653, desapropriando a área de 1.008 hectares, cedida anos antes, de maneira legal, ao colono espanhol Jesús Val, pela Colônia Militar do Iguassú. Ao currículo do desportista, aeronauta e inventor, foi acrescentada a bem sucedida atuação como ativista por uma causa ambiental aproveitada, de maneira próspera, pelo Turismo num futuro próximo.
DIA NACIONAL DO TURISMO
A Lei 12.625 de 2012, instituiu o dia 8 de maio como o Dia
Nacional do Turismo. A data defendida pelo Paraná, lembra o dia em que
Santos Dumont foi recebido pelo Presidente Affonso Camargo. O Paraná sugeriu, e
o Brasil aceitou, que Santos Dumont, em seu papel de promotor do futuro
Parque Nacional do Iguaçu, fosse também considerado como o Pai do Turismo
do Paraná e do Brasil.
RECONHECIMENTO
No dia 7 de junho, foi agraciado com o grau de Comendador
da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, de Portugal.
No dia 6 de novembro de 1924, foi eleito Grande-Oficial da Ordem de Leopoldo II. Em janeiro de 1926, apelou à Liga das Nações para que se impedisse a utilização de aviões como armas de guerra. Chegou a oferecer dez mil francos para quem escrevesse a melhor obra contra a utilização de aviões na guerra. Dumont foi o primeiro aeronauta a falar contra o uso do avião na guerra.
Em junho de 1930, foi condecorado pelo Aeroclube da França com o título de Grande Oficial da Legião de Honra da França.
Em 4 de junho de 1931, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
Em 16 de outubro de 1936, o primeiro aeroporto do Rio de Janeiro, Aeroporto do Rio de Janeiro-Santos Dumont, foi batizado com seu nome.
Em 1976, a União Astronômica Internacional prestou homenagem ao inventor brasileiro, colocando seu nome em uma cratera lunar (27,7°N 4,8°E). É o único brasileiro detentor desta distinção. A Lei 7.243, de 4 de novembro de 1984, concedeu-lhe o título de Patrono da Aeronáutica Brasileira.
Em 26 de julho de 2006 seu nome foi incluído no Livro de Aço dos Heróis Nacionais localizado no Panteão da Pátria, em Brasília, garantindo-lhe assim o status de Herói Nacional.